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OPINIÃO: Retomada lenta


A inflação caiu para quase zero em março. O dado é do Índice de Preço do Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Caiu, mas continua positivo. A taxa foi de +0,09%. A menor taxa para o referido mês desde o lançamento do Plano Real, em 1994. Para efeitos de comparação, o Índice do Custo de Vida de Santa Maria (ICVSM), calculado pelo Laboratório de Práticas Econômicas (Lape) da Universidade Franciscana (UFN), a taxa no mês de março deste ano variou em +0,16%. A queda nos índices de inflação seria uma boa notícia em condições normais, mas no atual cenário político/econômico é um resultado que traz preocupação. A queda do ritmo da recuperação econômica é um fato desse cenário. A grande ociosidade da atividade produtiva leva a um quadro de ausência de pressões inflacionárias.

O mercado de trabalho melhora de forma pontual, com a criação de vagas concentradas nos postos de trabalho por conta própria e sem carteira assinada. Com isso, muitos consumidores estão cautelosos. Acredito que, tão logo, as estatísticas irão mostrar que a Reforma Trabalhista não foi eficaz para a geração de emprego formal.

As mesmas estatísticas também deverão mostrar o aumento dos empreendedores que abriram um pequeno negócio muito mais por necessidade do que por vocação empreendedora. Ao analisar a série de desempregos, livre de influências sazonais como datas comemorativas e períodos de safras agrícolas que movimentam o mercado de trabalho por um curto período de tempo, o desemprego, de acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), está estabilizado nos incríveis 12,5%.

O índice dos 12,5% da população brasileira desempregada nos coloca próximos à proporção de que a cada 10 pessoas empregadas temos três desempregadas, sendo que essas três, em sua maioria, são mulheres negras, com baixa escolaridade e idade superior a 40 anos. Como eleitor, a dúvida é se o cenário pode melhorar. A expectativa otimista é verdadeira.

A atividade deve acelerar ao longo do ano, reagindo especialmente aos juros mais baixos. O Banco Central deverá fazer ainda mais um ou dois cortes na taxa básica de juros, hoje em 6,5% ao ano. A grande dúvida e o desfio para os candidatos à Presidência é responder se o emprego formal vai ganhar fôlego em um quadro em que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) tende a ficar, em 2018, mais próximo de 2,5%. Para uma expetativa pessimista, o principal risco para o mercado de trabalho este ano vem do cenário político. O ideal é que tivéssemos um candidato capaz de agregar diferentes setores da sociedade e que a confiabilidade recupere o lugar da incerteza e da especulação. A eleição do futuro presidente passa necessariamente por questões econômicas, e a principal delas é como voltar a gerar emprego formal, independentemente de conceder privilégios como isenções e subsídios.

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